Com 70 pontos, o Vietnã se colocou na 20ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2019, apenas com um ponto a mais do que no ano anterior. A pontuação por violência é 1,6 mais alta que no ano passado, refletindo como as autoridades recorrem a diferentes formas de violência e parecem dispostas a aceitar o eco internacional negativo: igrejas foram fechadas e cristãos forçados a deixar o país. As novas regulamentações religiosas, implementadas a partir de 1 de janeiro de 2018, não mudaram nada substancialmente, apesar de no papel parecer uma melhoria. Regulamentos mais restritos na comunicação on-line ajudarão a restringir e limitar o espaço que os cristãos aproveitam, ainda mais. Pressão e violência contra cristãos que pertencem a minorias étnicas continuam sem alteração.
Os comunistas consideram a igreja como um grupo perigoso facilmente capaz de mobilizar grandes massas. Os modernizadores gostariam de ver os princípios de doi moi “renovação” (introduzidos pelo menos parcialmente na economia privada para instigar o crescimento), traduzidos para várias partes da vida e da política nacionais. Claro, ninguém se atreve a duvidar abertamente do domínio do Partido Comunista, mas esse grupo gostaria de ver uma nova abertura do país. Além de conservadores e modernizadores, um terceiro grupo simplesmente aceita o status quo e está ansioso para extorquir o máximo do desenvolvimento econômico para seus próprios propósitos. Os cristãos ou outras minorias que entram em seu caminho enfrentarão tratamento arbitrário ou mesmo perseguição definitiva.
“Deus torna as pessoas dispostas e preparadas. Eu acredito, que como em uma maratona, o último corredor deva ser o melhor corredor.”
BAO, CRISTÃ VIETNAMITA
A proteção do governo comunista é o primeiro e mais importante objetivo que foi esclarecido mais uma vez pela revisão do código penal, publicado em 20 de junho de 2017, exigindo que todos os advogados informem as autoridades se seus clientes ameaçam a segurança nacional. Tudo e todos devem se submeter à sobrevivência do Partido Comunista e sua ideologia, portanto as autoridades continuarão a observar os cristãos com suspeita e, se julgarem necessário, agir contra eles.
Nos últimos anos, o governo comunista vem reforçando os controles sobre a liberdade de expressão, associação e culto. A censura da mídia está aumentando, especialmente na internet.
Novos convertidos para algumas comunidades protestantes enfrentam discriminação, intimidação e pressão para renunciar a fé. Indivíduos, incluindo líderes e ativistas católicos, continuam presos ou detidos por atividades religiosas.
Os cristãos não podem imprimir suas próprias Bíblias no Vietnã, especialmente nas línguas minoritárias; uma notável exceção é a Bíblia infantil muito querida e distribuída entre as famílias vietnamitas. Especialmente novos convertidos e os cristãos em áreas remotas apreciam suas histórias fáceis de entender.
Muitos cristãos não possuem conhecimentos bíblicos fundamentais, tornando-os vulneráveis a falsos ensinamentos. Muitos líderes da igreja veem esse desenvolvimento como mais ameaçador do que a perseguição em si.
Em 2018, o Vietnã sentenciou e prendeu um número de ativistas cristãos, blogueiros e pastores protestantes, por exemplo, Le Dinh Luong, condenado em agosto de 2018 a uma sentença de 20 anos por um alegado atentado para “derrubar o governo”. O movimento sem precedentes para deportar um professor católico para a França e um pastor protestante para os Estados Unidos em 2017, foi seguido em 2018 pela deportação do proeminente advogado de direito Nguyen Van Dai, e pela prisão e extradição do membro do grupo Irmandade para Democracia, Le Thu Ha, para a Alemanha, em junho de 2018. Finalmente, em outubro de 2018, a famosa blogueira cristã, Nguyen Ngoc Nhu Quynh, mais conhecida como “Mãe Cogumelo”, foi liberta depois de cumprir dois dos dez anos de sentença, mas apenas sob a condição que ela seria exilada nos Estados Unidos.
Crianças cristãs de minoria étnica são discriminadas na escola e não recebem a mesma atenção das outras; suas necessidades médicas também são negligenciadas com frequência. Algumas não têm permissão nem mesmo de frequentar escolas por causa da fé cristã. Quando alunos tribais nas regiões montanhosas centrais se convertem ao cristianismo, o diretor do colégio os ameaça com expulsão. Professores também desencorajam alunos cristãos, dizendo que ninguém vai empregá-los como cristãos depois de se formarem, então é melhor já desistirem da fé.