O Paquistão continua como um dos países onde é mais difícil se viver como cristão. Os índices basicamente inalterados em todas as esferas da vida mostram que a situação para os nossos irmãos é muito difícil. A pontuação relativa à violência continua no nível máximo (historicamente, poucos países atingiram esse nível). O ataque a bomba em uma igreja em dezembro de 2017 foi um lembrete de quanta violência os cristãos e outras minorias religiosas enfrentam. A lei de blasfêmia do país continua a fazer suas vítimas.
No entanto, no último dia de apuração da Lista Mundial da Perseguição 2019, 31 de outubro de 2018, a Suprema Corte corajosamente decidiu absolver Asia Bibi. A cristã havia ficado oito anos no corredor da morte devido a acusações de blasfêmia. Logo após sua libertação, grupos radicais islâmicos pararam o país. Os protestos paralisaram a nação por alguns dias – escolas foram fechadas, universidades adiaram provas, voos atrasaram, trens tiveram suas rotas mudadas e o governo suspendeu todos os serviços de telefonia celular.
“Orem para que continuemos a alcançar os rejeitados, necessitados e sozinhos. Essa é a história dos cristãos no Paquistão. Eu sou a história deles, eles são minha história. Obrigada por suas orações e apoio. Vocês são parte da nossa história.”
CRISTÃ PAQUISTANESA
A situação aumentou o medo e a tensão entre a comunidade cristã do Paquistão. Os cerca de 2% de cristãos do país, que já enfrentam discriminação diariamente, passaram a ser ainda mais hostilizados. Uma fonte local disse: “Os cristãos estão todos trancados em casa. As notícias são conflitantes. Estamos todos preocupados uns com os outros”.
Até o final de dezembro de 2018, Asia Bibi ainda estava sendo mantida sob custódia pelo governo para proteção em um lugar não revelado no Paquistão, sem poder deixar o país. Além disso, mais de dez cristãos foram mortos por sua fé, a maioria em conexão com a lei de blasfêmia do país.
No sexto país mais populoso do mundo, os cristãos representam muito pouco da população. No Paquistão, o nível da perseguição religiosa é extremo e cresceu consideravelmente no último ano, bem como o nível de violência, o maior de todos os países da Lista Mundial da Perseguição.
No Paquistão, grupos radicais não apenas existem, eles estão entrando cada vez mais na esfera pública e expandindo sua influência, visto que alguns deles são cortejados por partidos políticos, pelo exército e pelo próprio governo.
O exército continua seguindo uma política de distinção entre “bons” e “maus” extremistas islâmicos. Enquanto combate alguns, corteja outros e usa esses grupos como meio de intervenção ativa nos países vizinhos, como Afeganistão e Índia. O perigo dessa abordagem se revelou mais uma vez no próprio dia das eleições, quando aconteceu um ataque suicida assumido pelo Estado Islâmico. Embora o exército aja contra os que considera “maus” extremistas, a presença deles parece aumentar no Paquistão. O Talibã permanece ativo e pode atacar, como o fez na Páscoa de 2016, no bombardeio de Lahore, em que afirmou explicitamente ter direcionado o ataque contra os cristãos.
Nas eleições nacionais de julho de 2018, um inesperado número de radicais islâmicos se candidatou, alguns deles até mesmo convocando à conversão forçada das minorias – o que explicitamente inclui os cristãos. Embora a maioria desses candidatos não tenha sido eleita, eles conseguiram envolver a arena política, inclinando partidos mais moderados ao radicalismo. Diante disso, o maior desafio que o país enfrenta é como lidar com os grupos militantes islâmicos.
As reuniões aos domingos para adoração ainda são possíveis, mas todas as outras atividades cristãs são fortemente desaprovadas. São comuns os relatos de igrejas atacadas, cristãos mortos, mulheres sequestradas e vítimas de violência sexual, quando não forçadas a se casar com muçulmanos, despejadas de casa ou enviadas para fora do país. Outras minorias religiosas têm enfrentado o mesmo tipo de ataque.
Em 2017, o governo anunciou um novo foco no combate à blasfêmia ocorrida nos blogs de redes sociais. Consequentemente, houve um número crescente de prisões de pessoas acusadas de terem cometido blasfêmia nas redes sociais. Isso parece contrariar os esforços do governo para limitar o impacto devastador das leis de blasfêmia sobre as minorias religiosas em particular. Em suma, é difícil encontrar melhorias para os cristãos e outras minorias religiosas até agora.
NOTAS SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL
• Os frequentes ataques à igreja – especialmente os de Lahore em setembro de 2013, março de 2015 e Páscoa de 2016, assim como o de dezembro de 2017 à Igreja Metodista em Quetta – destacam a situação precária em que os cristãos se encontram. Algumas vezes, os prédios de igrejas são guardados e protegidos pelas autoridades, mas com frequência as igrejas têm que se responsabilizar por sua própria segurança da melhor forma que podem. Independentemente de quem está guardando a igreja, ataques ocorrem com frequência.
• As leis de blasfêmia do país continuam a representar um desafio significativo para os cristãos. O governo não mexerá nelas, principalmente após os massivos protestos de grupos radicais islâmicos após a Suprema Corte absolver Asia Bibi. Meninas cristãs são ainda mais vulneráveis.