A Coreia do Norte lidera a Lista Mundial da Perseguição pelo 16º ano consecutivo. No país, direitos à liberdade de pensamento, religião, expressão e informação não são respeitados, e não há mudança para a igreja há anos: cristãos enfrentam níveis de pressão extremos em todas as áreas da vida, combinados com alto grau de violência.
Em relação a 2016, quanto à avaliação e classificação da Lista Mundial da Perseguição, o país teve um aumento de 2 pontos em 2017. A pontuação da violência aumentou, pois não apenas as casas dos cristãos foram invadidas, mas também as lojas e as empresas destes. Esse aumento deve-se, em parte, ao crescimento da paranoia do governo que impôs ao país total isolamento em relação ao mundo, inclusive do seu vizinho mais importante, a China.
Na nação mais fechada do mundo, o cristianismo é visto como ocidental e hostil e se espera que os cidadãos adorem somente a família Kim, que governa o país desde sua fundação, em 1948.
Por esse motivo, cristãos escondem sua fé até mesmo de sua própria família temendo ser presos e enviados para campos de trabalhos forçados. O exercício da fé cristã em comunidade também é afetado, já que igrejas não podem existir, e reunir-se com outros cristãos é uma atividade perigosa, bem como ler a Bíblia ou expressar a fé cristã de qualquer maneira.
Apesar da dificuldade em confirmar o número de cristãos em um ambiente altamente restritivo, a Portas Abertas estima haver cerca de 300 mil cristãos. Quaisquer que sejam os números, as estatísticas mostram que a igreja secreta e doméstica está crescendo de forma lenta, mas firme.
O assassinato do meio-irmão de Kim Jong-un, Kim Jong-nam, em Kuala Lumpur, em fevereiro de 2017, mostra a truculência do regime, quando se vê ameaçado. A morte de Otto Warmbier, estudante norte-americano após 14 meses em um campo de trabalhos forçados também destacou a terrível situação vivida no país. Há um ditado norte-coreano que ilustra bem a mentalidade da sociedade: "Onde quer que estejam duas ou três pessoas reunidas, uma é espiã".
NOTAS SOBRE A SITUAÇÃO ATUAL
• Há um programa sobre estudos religiosos na Universidade Kim Il-sung desde 1998. Os graduados são enviados para trabalhar para federações religiosas oficialmente reconhecidas, para o setor de comércio exterior ou com guardas de fronteira para identificar a atividade religiosa clandestina. Muitos são recrutados como espiões para denunciar atividades cristãs no país.
• A fronteira com a China tornou-se mais controlada, dificultando a situação dos cristãos em ambos os lados da fronteira. O assassinato do coreano-chinês Christian Han-Choong Ryol por assassinos norte-coreanos na China, em abril de 2016, ilustra os riscos envolvidos.
• Como o regime na Coreia do Norte é comunista, todas as religiões são vistas como "supersticiosas" e, portanto, combatidas. No entanto, as religiões asiáticas (como o budismo) têm um pouco mais de espaço.
• Em geral, a pressão sobre os cristãos na Coreia do Norte aumentou em quase todas as esferas da vida, fazendo-a chegar a um nível extremo.
• O aumento da pressão e perseguição aos cristãos reflete a realidade de um Estado onde a paranoia ditatorial é evidente em todas as partes da sociedade. Provavelmente não há outro país na Terra onde o termo paranoia se encaixe melhor.